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sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Família, Família ♪ -- Parte 3

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Entre outras coisas que atormentam minhas noites...
Pra começar, minha mãe tem hérnia. E desde que ela soube disso, ela diz que isso veio do meu nascimento, pois eu nasci prematura, sem forças e ela teve que fazer toda a força sozinha, e nisso, ocasionou essa merda. Ou seja, ela faz questão de enfatizar que EU fui a causadora disso nela, que se eu tivesse feito força pra nascer, ela não teria esse problema, que ela já operou duas vezes, voltou e ela disse que não ia mais operar, que ia deixar estrangular. Agora, assim atualmente... ela não repetiu mais isso, mas acredito que se o assunto voltar, é provável que ela conte essa história mais uma vez. Nem vou comentar o que eu penso sobre isso.

Certa vez, não lembro o que eu havia feito, mas minhas maiores malcriações na infância, era porque eu queria brincar na rua, por eu arrancar folhas do caderno pra brincar e/ou escrever cartinhas amorosas pra Deus e o mundo, porque eu não queria comer, porque eu não tinha sono e não queria dormir, porque eu queria dormir na minha avó ou coisas nesse nível. Quando a mãe me xingava e eu tentava me defender ou insistir ou sei lá, ela vinha com um papo tipo 'tu tem que me obedecer, pois eu sou tua mãe. Não tem choro, não tem querer, quem manda aqui sou eu fim de papo!', sempre aos berros, sempre nesse nível 'eu mando e tu faz' e eu gritava quase no mesmo nível, mas porque sempre achei tudo isso uma puta injustiça, eu nunca fazia merda, nunca desobedecia, pra que tanto caso? Mas meus gritos soavam como malcriação, cresci com o rótulo de rebelde, acreditem se quiserem. Então... aconteceu alguma coisa, não lembro o que e eu devo ter falado algo que ela não tenha gostado, lembro que ela deu uns gritos, me disse algumas coisas e eu fiquei naquela de chorar em um canto, com a ideia de que minha mãe não me amava. Um tempo depois, fui até ela e pedi perdão, porque não conseguia conviver com ela não falando comigo, fingindo que eu não existia. Ela me disse: 'não, não vou te perdoar porque tu é uma filha mal criada e não merece meu perdão!', aquilo foi como uma facada, jamais imaginava que minha mãe tão amorosa me diria aquilo, e apartir daí eu deixei de me desculpar com qualquer coisa, tivesse culpa ou não. Tempos depois ela me disse que falou isso sem pensar, um tempinho depois até desse episódio ela acabou me 'desculpando' e ficou tudo bem, mas esse fato até hoje me deixa muito mal, me marcou muito isso, porque eu nunca fiz nada que desse motivo pra ela me tratar assim, o máximo que eu chamei ela na vida, foi de 'boba', e ela quase me matou com tanto grito. Fico imaginando o grau do ataque dela se eu fissesse como meus amigos, que mandam os pais tomarem no cu. Sério mesmo.. vocês não sabem NADA da vida e de ter respeito.

Cresci não podendo brincar na rua, não tinha amigos, minhas companhias pra brincar, eram minha irmã e minha prima. Minha irmã era grande pra brincar, as fases eram diferentes e obviamente ela não tinha paciência comigo. Minha prima eu via quando ela vinha aqui em casa e quando nos encontrávamos na nossa avó, eu nunca ia pra casa dela, não ia pra canto nenhum, fora isso, minha vida era sozinha em casa. Não podia usar meus brinquedos porque iria fazer bagunça, não podia me sujar porque minha mãe teria um ataque inacreditável. Minha casa sempre foi um brinco, todo mundo dizia que nem parecia que havia crianças ali, pois não tinha bagunça de brinquedo, sujeira e tudo mais. De fato, não existia... afinal, eu não podia agir como uma criança.
Tudo era milimetricamente vigiado, todos os meus movimentos eram friamente calculados, falando nisso, lembrei que nem tv eu podia assistir direito, tudo que eu gostava era criticado, minha "melhor amiga", era a vilã.

Minha avó e tias, tem uma cabeça parecida com a da minha mãe. Exceto duas, com filhas que tem um pouco mais de 'modernidade' nas veias, mas no geral,  elas tem essas manias de 'no meu tempo', e ficam tentando fazer com que a gente viva no tempo da pedra. Nessa coisa toda, minha irmã foi a primeira neta, e sabe como é: a euforia da chegada de uma criança, todos os paparicos vão pra ela e tal. Quando minha mãe engravidou de mim, o comentário foi: 'Mais uma? Tu não vai mais parar de ganhar filho?'. É. E minha infância, apesar de ter tido momentos bons, teve muitos não tão legais, com todo mundo defendendo minha irmã e primas, ou só porque eu era mais velha, colocando a culpa em mim nos erros das outras 'porque eu sou mais velha e ia entender', não podiam fazer a outra chorar. Eu podia chorar... tudo o que eu reclamava, era manha. Tudo o que elas reclamavam, eram 'coitadinhas que precisavam de atenção'. Sou a única neta que nunca xingou ninguém, nunca bateu em ninguém, nunca fez malcriação, nunca fez bagunça, nunca faltou com respeito. Pelo contrário, naquele tempo eu simplesmente amava meus parentes, eles eram perfeitos. Mas até hoje, a rebelde, a que 'merece uns tapas', a que não tem respeito, sou eu.

Quando eu entrei no colégio, minha cabeça deu um nó. Por um lado, fiquei terrivelmete feliz, porque conheceria outras crianças, teria com quem brincar, e me sentia importante por estar estudando. Mas por outro, me vi sozinha, estava acostumada a ter sempre alguém grudado comigo, jamais eu ficava sozinha. E claro, chorava todos os dias pra entrar na aula. Sentia como se fossem me abandonar ali e nunca mais me buscariam. Tinha dias que eu chorava tanto, que a professora se comovia, me tirava da aula e tentava me dar chás, pra que eu me acalmasse. Não conseguia nem enxergar de tão inchados que ficavam meus olhos!
E isso se refletia também em outros momentos, tipo: quando chegava alguém estranho, e entenda-se como estranho pais dos amigos, parentes que eu não tinha contato frequente, e estranhos de verdade, eu simplesmente virava um bicho do mato. Grudava na barra da blusa da mãe, minha irmã ou a pessoa mais intima minha que tivesse por perto, baixava a cabeça e nem respirava. Podiam me chamar, fazer cosquinhas, tentar erguer minha cabeça mas nada adiantava, eu só voltava ao normal quando a pessoa ia embora, ou com sorte, depois de um tempo eu até relaxava um pouco, dava meia dúzia de palavras mas nunca desgrudava de quem estivesse comigo.
Com o passar dos anos, eu perdi isso, graças a Deus. Tá, é engraçado imaginar eu fazendo isso hoje... mas sempre é bom reforçar e dizer que isso passou, porque né?!

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